quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Artimanhas do Coração - A Noiva Proibida - Julia James

Título Original:
Bedded, or Wedded?
Copyright © 2007 by Julia James

Protagonistas:
Xavier Lauran e Lissa Stephens

Sinopse:

Lissa trabalhava duro para ajudar sua irmã... mesmo que isso significasse usar cílios postiços e bajular homens ricos...

Xavier Lauran a perseguiu desde o instante em que entrou no cassino, e a última coisa que ela precisava naquele momento era a aura de sexualidade que o envolvia. Contudo, Lissa se viu incapaz de resistir, e Xavier a enredou em uma teia de mentiras e malícia... Mas estará ele preparado para lidar com a verdade?


Resenha:

Eu, realmente, amo as hitórias da Julia James. Ela sempre consegue fazer meu coração se derreter, porque seus mocinhos são sempre aqueles machões que acham que sabem tudo, que são os donos da verdade, mas no final, acabam quebrando a cara. E com o Xavier não é diferente. Ele julga Lissa por sua aparência, pelo local que ela trabalha, sem na verdade, saber que ela batalha tanto, por um motivo muito nobre, que, óbvio, eu não contarei aqui, para não estragar a surpresa do livro. Esse, assim como alguns outros livros da Julia, ela deixa a grande surpresa para final. E não só para o mocinho, como também, para nós, leitoras. É claro, que a gente vai tentando adivinhar e consegue, até deduzir algumas coisas, mas não deixa de ser emocionante. Quando tudo vem a tona, dá uma tremenda "vergonha alheia" pelo Xavier, mas tb, aquela sensação de que a vergonha é beeeem merecida. Só achei a cena da reconciliação meio corrida e faltou um epílogo, mas SUPER RECOMENDO!



Ponto Alto:

Por um momento interminável, nenhum dos dois falou nada. O mundo inteiro se reduzia a esse momento, essa sensação.
Então, num murmúrio rouco, Xavier disse o que Lissa tanto ansiava, e temia, que ele dissesse.
— Eu quero muito você. Gostaria de passar a noite comigo?
Ele falou mesmo. Sob o sussurro grave, um dilúvio de emoções o inundava.
Passara a noite toda sentindo aquela onda avultar. For­te e silenciosa, e tão poderosa que a sua força foi avas­saladora. De onde surgira esse impulso irresistível que o dominava? Subjugando sentimentos que ele não deveria permitir que fossem subjugados.
Xavier sabia o nome disso. Já experimentara o seu po­der antes. Mas nunca com tamanha intensidade. Tentou resistir. Mas era como nadar contra uma corrente tão forte que tornava impossível sair do lugar. Tampouco desejava resistir. E isso era o pior: a amarga noção de estar fazendo algo que não planejara.
Mas agora era impossível voltar atrás. Os olhos a devassavam, tomara a mão dela na sua, e nada mais importava. Exceto uma coisa. A resposta para a pergunta dele. Os olhos de Lissa flamejavam. Ela entreabriu os lábios. E, então, num longo suspiro, Lissa respondeu.
— Eu não posso...
Por um instante, ele permaneceu imóvel, paralisado. Em seguida, sem tirar os olhos dela, nem por um segundo, Xavier retrucou.
— Por que não?
Os olhos de Lissa estavam arregalados, assombrados. Assombrosos.
— Não posso — repetiu ela. — Eu preciso... Tenho um compromisso.
— Com outra pessoa? — A hora da verdade chegara.
— Sim. Alguém muito especial. — Xavier soltou-lhe a mão. Largou-a como se fosse uma cobra venenosa.
— E mesmo assim, você aceitou jantar comigo hoje?
Lissa mordeu o lábio.
— Eu... eu precisava. Eu expliquei...
— Ah, claro, o seu adorável patrão, ameaçando você com isso, como se fala mesmo? Ah, sim... ameaçando mandá-la para o olho da rua caso não aceitasse o meu convite para jantar.
— Sim — Lissa aquiesceu baixinho.
Xavier levantou. Um gesto brusco, repentino.
— Então, mademoiselle, é uma lástima que eu tenha confundido as coisas. Permita-me, se possível, oferecer as minhas desculpas por isso. E agora deixe que eu coloque meu carro à sua disposição. Sinta-se à vontade para voltar para o trabalho ou para casa. E, claro, para aquele seu "alguém muito especial".
Xavier acenou com a cabeça e saiu.
A fúria o consumia. Cega, explosiva. Uma fúria enlouquecedora que ofuscava tudo.
Aquilo era irracional, constrangedor, insano.
Sabia o que aquilo significava. Sabia e não se importa­va. Marchou até o elevador e, colérico, apertou o botão.
Maldita. Que Lissa fosse para o inferno. Deixá-lo mer­gulhar, cada vez mais fundo, naquela onda avassaladora. Olhando para ele a noite inteira, enviando uma mensagem tão sonora como se usasse um sistema de alto-falantes. Sentada ali, tão extraordinariamente bela que lhe custou toda a força de vontade para não tocá-la.
E então, quando ele o fez, Lissa o dispensou.
A fúria tornou a invadi-lo. Ela o dispensara. Lissa disse não.
Não.
Uma única sílaba.
Negando o que ele queria.
Ela.
Porque era isso o que ele desejava — ele desejava Lis­sa. Agora — essa noite. Queria que ela estivesse ali, a mão na sua, esperando para entrar no elevador onde ficariam a sós... E ele a puxaria para si, cravando as mãos naquela cintura curvilínea, cobrindo aqueles lábios sensuais com os seus para saborear a doçura que Lissa tinha a oferecer.
Agarraria o corpo dela junto ao seu, sentiria a ondulação rija dos seios que admirara a noite inteira, deliciando-se com a sensação de esmagá-los contra o peito musculoso.
As mãos traçariam o contorno das costas, tocando a pele sensível e delicada da nuca, enquanto a boca brinca­va com a sua, em movimentos sensuais, provocantes.
Xavier sentiu o corpo abrasar, sentiu aquela onda vio­lenta atingir opoint nonplus, impossível de conter, e tudo cortesia de uma única palavra.
Não.
A porta do elevador se abriu e Xavier deu um passo à frente.
E parou.
Intrigado, lembrou-se de algo.
Lissa usara outra palavra em vez de "não". Uma pala­vra bem diferente.
Deteve a porta do elevador, abrindo-a sem esforço apa­rente e saiu.
Lissa Stephens dissera "eu não posso". Xavier parali­sou. Lentamente, a fúria se esvaiu.
Na sua mente, as palavras sussurradas ecoavam.
— Eu não posso...
E Lissa deixara claro por quê. Por causa de "alguém muito especial".
Lissa Stephens o dispensara. Porque tinha um compro­misso com alguém "muito especial" para ela. E esse al­guém era Armand. E o fato de dispensá-lo só significava uma coisa: a lealdade de Lissa Stephens em relação ao irmão dele.
Será que ela amava Armand? O compromisso era ba­seado em amor, ou porque ele era um homem rico que a pedira em casamento? Oferecendo uma chance de escapar do cassino, do lugar sórdido onde morava, daquela vida miserável?
Ele não sabia. Era impossível saber.
Apesar de tudo o que descobrira a respeito de Lissa, ela permanecia um mistério. Uma contradição. A mulher possuía uma rara beleza, assim como uma inteligência notável. Contudo decidira trabalhar numa espelunca. Aceitava se fazer passar por uma leviana noite após noi­te, e mesmo assim abriu mão do emprego quando lhe pediram para agir feito uma. Uma mulher que aceitava um convite para jantar com um homem rico, e, a despeito disso, se recusou a deixar que ele lhe comprasse um vestido. Uma mulher que o fitara nos olhos como se pronta para mergulhar dentro deles, e dissera "eu não posso" quando o clima esquentou. Bem, Xavier pensou amargurado, era a sua vez de dizer eu não posso.
Basta. Ele admitiu. Já fizera tudo a seu alcance para descobrir o verdadeiro caráter, ou a sua falta, da mulher com quem o irmão pretendia casar.
E a ironia da situação zombava dele.
Amaldiçoava.
Assim como amaldiçoaria qualquer homem com o mes­mo destino, um destino que ele não desejava a ninguém.
Porque a trágica verdade é que ele desejava Lissa Stephens. Ele a queria.
Para si.
A mulher que Armand queria desposar.
Um desejo proibido.
Uma maldição do inferno.

***

Ficou parada do lado de fora um instante, arrumando os pertences. Estava em algum ponto de Mayfair, na es­quina de um dos imponentes quarteirões georgianos. Mas perdera o senso de direção por um segundo. Espiou em volta.

E lá estava Xavier Lauran. Alto, as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo. Imóvel. Esperando.

Ele caminhou na sua direção. Lissa tentou se esquivar. Xavier a deteve, segurando-a pelos cotovelos.
— Lissa... por favor. Pelo menos, permita que eu peça desculpas. — Ela o encarou. — Eu agi feito um troglodi­ta. Um imbecil. E lamento. Lamento mesmo.
Lissa não percebeu como ele conseguiu, mas Xavier a conduziu para longe da fachada, onde não havia gente, nem carros. Xavier a fitou com uma expressão nos olhos que ela não vira antes. Ele parecia... diferente. Ela não sabia por quê. Só sabia que, agora, o coração acelerava.
— Eu sinto muito, de verdade — insistiu ele, e a voz soou diferente também.
Xavier tornou a falar, e Lissa se obrigou a ouvir.
—  Se existe alguém na sua vida, eu compreendo. E a respeito por ser honesta comigo, e lamento, realmen­te, ter colocado você nessa situação, em primeiro lugar. Fazê-la sentir que devia aceitar meu convite para não arriscar o emprego, embora eu preferisse que você não tivesse esse emprego. — Respirou fundo. — Eu lhe disse que a convidei apenas para jantar, e você tem a minha palavra de que eu não pretendia nada além disso. Nada mais. Porém... — Tomou fôlego, outra vez. — Quando a vi, tão elegante quanto a sua beleza merece, me em­polguei. Não tenho nenhuma outra desculpa. E pensei... pensei que você sentisse o mesmo por mim, pela mes­ma razão. Foi por isso que a convidei. A minha intenção não era soar ofensivo nem vulgar. — As mãos de Xavier subiram um pouco mais, e sem que Lissa desse conta, ele a puxou para si. — Você é tão bonita — sussurrou. — Mesmo agora, sabendo que você tem compromisso, mesmo assim eu ainda quero isso, nem que seja uma úni­ca vez. Por favor, deixe... pois isso é tudo que eu posso ter de você.
Xavier cobriu a sua boca com a dele.
O beijo foi divino. Suave, demorado e delicioso. Lissa se rendeu com todo o anseio que guardava para a magia daqueles lábios, daquele toque, carregada durante segun­dos preciosos para um paraíso que ela não conhecia.
Então, com um aperto no coração, Lissa sentiu Xavier recuar, libertando-a.
— Adeus — sussurrou ele.
E, em seguida, deu-lhe as costas.

***

— Mas veja... — disse ele, na mesma entonação es­tranha, remota, que ecoava de algum lugar muito, muito longínquo. E Lissa ficou parada ali, incapaz de se mover, incapaz de pensar ou respirar. — Veja, eu acabei deixan­do de levar uma coisa em conta no meu relacionamento com você, Lissa. Algo que devo lhe contar, algo que eu descobri. — Xavier hesitou e, quando tornou a falar, os olhos pareciam muito claros. A voz, também, muito clara. — Eu sempre confiei na razão — prosseguiu ele —, mas ela não pode explicar tudo. Veja... — os olhos cristalinos, tão cristalinos, cativaram os dela — le couer a ser raisons que Ia raison ne connâitpa.
Por um longo, infindável instante, Lissa permaneceu imóvel, deixando a mente assimilar tais palavras.
— Você precisa que eu traduza? — Xavier falou baixi­nho, os olhos, tão puros, ainda fixos nos seus.
Lissa balançou a cabeça. O rosto dele ficou fora de foco. Ela hão conseguiu falar. Apenas sussurrar.
—  O coração tem razões que a própria razão desco­nhece,
Ela sentiu as lágrimas inundarem os olhos, transbor­darem e jorrar como diamantes. O rosto parecia compun­gido.
Em um segundo, Xavier se aproximou dela. Trêmula, Lissa lhe estendeu as mãos. O calor das mãos dele envol­veu as suas. Fortes, carinhosas.
Lissa sentiu um aperto no coração.
—  Xavier... — Apenas um murmúrio. Uma esperan­ça. Uma esperança que ela não se atrevera a alimentar. Ele segurou as mãos dela junto à muralha de músculos do peito.
Lissa podia sentir o seu coração bater descompassado. Xavier estava tão próximo, tão próximo.
Ele encarou Lissa. Os olhos pareciam sombrios, e dei­xaram Lissa sem fôlego.
—  O meu coração, Lissa... o meu coração é seu. E é nisso que eu deveria ter confiado acima de tudo. Não no que eu sabia, mas no que eu sentia.


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Um comentário:

thaila oliveira disse...

Julia James tem seu jeitinho proprio e encantador de escrever!!! e eu sou fã dela

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