segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Entre o Amor e a Vingança - Caitlin Crews

Título Original:
At The Count´s Bidding
Copyright © 2015 by Caitlin Crews

Protagonistas:
Giancarlo Alessi e Paige Fielding
Sinopse: 

"Não é o ato que importa. É a submissão."

Paige Fielding esperou dez anos até Giancarlo Alessi voltar para sua vida. Mas o homem que ela fora obrigada a trair não quer saber de explicações ou desculpas. Surpreso por ver Paige trabalhando como assistente pessoal de sua mãe, Giancarlo decide colocar em prática seu plano. Ele a atrai até a Toscana e a faz se submeter a todos os seus comandos. Porém, a linha entre a revanche e o desejo é muito tênue... E quando Giancarlo descobre que Paige está grávida, precisa perguntar a si mesmo o que realmente quer: amor ou vingança?


Resenha:

Fazia tempos que eu não lia um livro "dos meus". Assim, daqueles que a gente lê rapidinho, porque quer logo saber o que vai acontecer a seguir. Que simplesmente não pode largar até terminar. Esse, em especial, li em menos de 24 horas. Adorei. E quando eu digo "dos meus", quem acompanha minhas resenhas no blog, sabe o quanto eu curto um grego arrogante, ou um espanhol cruel, ou um italiano mandão, como foi o caso desse livro. Ainda mais se houver um passado mal resolvido e um presente com cheiro de vingancinha - que nunca é realmente uma vingança - no meio. E encontrei todos esses elementos nesse livro. Junte a tudo isso, a química do casal. Meus amores, vocês não estão entendendo. Eu conseguia sentir a química entre os dois escorrendo das páginas do livro e eu adoro quando isso acontece. Eu nunca tinha lido nada dessa autora, não que eu me lembre, mas por esses personagens tão bem escritos e que combinavam tanto, eu já virei fã dela. E preciso acrescentar que a mocinha tem cabelos negros. Eu não sei se já comentei alguma vez, mas eu amo quando as mocinhas têm cabelos escuros, fugindo dos "fios dourados" tradicionais. Me fazem pensar em mocinhas cheias de atitude e "rebeldia". Adoro. Giancarlo, apaesar de as vezes, a gente sentir uma raiva absurda dele, nos conquista, pois ele logo percebe que apesar de tudo, de todo o tempo que passou, nunca deixou de amar essa mulher e se debate numa batalha interna entre amá-la e não poder confiar nela. Coisa absolutamente compreensível, haja visto o que ela lhe fez no passado. Dei quatro estrelinhas, porque senti falta do epílogo, mas certamente, é um livro que lerei outra vez.

Paige "Nicola" Fielding e Giancarlo Alessi, se conheceram dez anos antes, quando ele era um aspirante a diretor de cinema e ela uma bailarina com sonhos de ser famosa. A paixão foi quase a primeira vista e eles viveram um romance intenso durante dois meses, até que a Paige, que aí então usava o nome de Nicola, o traiu. Giancarlo é fruto do casamento de uma famosa atriz de Hollywood com um conde italiano e cresceu em meio aos holofotes, sabendo que sua mãe sempre usava a sua imagem quando lhe era conveniente, com isso, ele desenvolveu uma certa obsessão pela sua privacidade. Paige, cuja sua própria família, leia-se sua mãe, tinha muitos problemas, acabou por vender fotos suas com Giancarlo em momentos íntimos, coisa que ele, apesar de amá-la, não pode perdoar. Passados dez anos, Giancarlo reencontra Nicola, que agora usa seu primeiro nome, Paige, trabalhando como assistente pessoal de sua mãe. Então, ele desenvolve um plano para se vingar por tudo o que sofreu dez anos atrás. 

Pontos Altos: 


– E qual é a segunda opção? 
Ele deu de ombros.
– Ficar. E fazer exatamente o que eu disser.
– Sexualmente – arriscou ela. – Quer dizer fazer o que você quer que eu faça sexualmente.

Se ela pensava que falando de modo tão direto iria envergonhá-lo, estava muito enganada. Giancarlo sorriu.
– Quero dizer fazer o que digo, e ponto final. – Passou a mão por seu queixo e a segurou ali, olhos nos olhos. – Irá trabalhar para mim, Paige. De costas. De joelhos. Sobre a sua escrivaninha. Tudo queeu quiser quando eu quiser. Sentiu que ela tremia e exultou.
– Por quê? – murmurou ela. – Sou eu, lembra? Por que desejaria...?
De novo, não terminou a frase, e ele se alegrou com sua fraqueza. A armadura estava rachando. Giancarlo se inclinou e a beijou na boca de leve, dando uma amostra do que viria depois. Foi como se lembrava.Todo o fogo que os consumia e o gemido de Paige. Todo o sofrimento, vergonha, ódio e dez anos daquela terrível saudade física. Ele nunca superara e esquecera, e era por causa disso, daquela excitação que só acontecia com ela. Essa fome inigualável. Essa linda mentira que, dessa vez, não o venceria. Precisava fazê-la pagar pela traição da maneira mais íntima possível. Necessitava usar seus pontos fortes como antes e só então ficaria livre dela. Haviam sido apenas dois meses... Mas não fora o suficiente.
– Sei exatamente quem você é – disse ele, sem fingir que estava satisfeito. Agora que o choque passara, não se regozijava por ela provar que era tão má como se lembrava. E ele não estava tão ansioso pela vingança como deveria estar. – É mais do que hora de pagar pelo que fez e, acredite, minha memória é muito boa.
– Vai se arrepender – disse ela com voz aveludada.
– Já me arrependi faz dez anos, cara. O que importa adicionar mais algum tempo? Ele se aproximou. Ele a conhecia.Não iria se perder de novo. Não haveria sonhos sobre casamento e felizes para sempre no interior da Toscana, nos campos de sua propriedade. Só haveria punição. Para ela. Punição severa até que ele ficasse satisfeito. E levaria algum tempo.
– Não faz sentido – disse Paige, e Giancarlo pensou notar certo desespero em sua voz, mas não se importou. – Você me odeia!
– Não é ódio – respondeu, ampliando o sorriso sombrio. – Vamos ser objetivos? É vingança.


***



 Ficaram quietos e abraçados, tomando cuidado para não mencionar as coisas sobre as quais não podiam falar.
Ele analisou seu rosto por muito tempo, e isso a constrangeu. Fazer sexo era muito mais fácil do que conversar, só requeria vontade e ação. Fazer. Era a conversação que a matava, forçando-a a aspirar por muito mais e imaginar finais felizes. E não haveria finais felizes para eles dois juntos. Paige se afastou, não querendo arruinar o momento com conversas que só levariam a mais sofrimento, ou, pior ainda, levariam a algo bom que seria tão difícil de abandonar quando chegasse a hora. Levantou-se e reuniu suas roupas, passando pela cabeça o vestidinho de verão, como se o tecido leve fosse uma armadura. E desejava tanto que fosse.

– Alguma vez chegou a ser verdade? – perguntou ele em voz baixa. Paige não perguntou a que ele se referia. Ficou imóvel fitando as colinas à luz da tarde e o lago brilhante no vale abaixo. Giancarlo ignorava que tinha seu coração nas mãos e o apertava até sangrar. Talvez não se importasse se soubesse.
– Foi verdade para mim – respondeu com voz tensa e emocionada. – Sempre foi para mim até no final.
Não sabia o que iria acontecer a seguir. O que Giancarlo poderia dizer ou fazer. Sentia-se escancarada para ele, sujeita aos desígnios do vento... Ele estendeu a mão e cobriu a sua, apertando. Depois se levantou, se vestiu e não falou mais no assunto.

***


GIANCARLO  a observou dormir e não precisou do coro furioso de vozes interiores para saber que era má ideia. Não sabia o que o acordara, apenas que ficara alerta e se apressara a verificar se ela continuava ao seu lado... do modo como fizera durante anos depois da divulgação das fotos. Perdera a conta de quantas vezes sonhara com tudo aquilo de novo; sonhos em que ela não o traíra e que as coisas haviam sido diferentes. Acostumara-se a ficar deitado sozinho na cama, olhando para o teto e desejando que ela morresse mesmo a querendo de volta, onde quer que estivesse.
Mas, dessa vez, ela estava ali de verdade. Enroscada ao seu lado e profundamente adormecida. Então ele nem precisou fazer barulho para se encostar às suas costas e abraçá-la por trás. Do modo que jamais faria se ela estivesse acordada, pois isso a levaria a criar expectativas...

Grande plano de vingança o seu, ironizou consigo mesmo, porém tudo parecia tão absurdo quando ela estava deitada ao seu lado com a expressão angelical do rosto levemente banhado pela luz do luar e das estrelas. Giancarlo se viu contornando com o dedo as linhas de sua face, as lembranças de dez anos antes tão fortes que ele poderia jurar que o tempo não passara e que as fotos e a separação eram um sonho mau. Porque a cada dia baixava a guarda mais um pouco.
Ela fora tão jovem. Não sabia como pudera se esquecer disso. Aos 20 anos, ele fora um completo idiota, fazendo palhaçadas na universidade de Stanford e se divertindo a valer. E, sem dúvida, não precisara dançar para viver, correndo de um teste para um show sem garantias de que poderia pagar o aluguel, economizar algum dinheiro ou mesmo ser aceito para um novo trabalho. Aos 20 anos, Violet já se divorciara com grande alarido de um produtor de cinema muito mais velho que a desposara aos 17 anos e a tornara uma atriz. Ninguém a chamara de vagabunda mercenária por causa disso, pelo menos não na sua frente. Ao contrário, fora elogiada pelas boas escolhas que fizera e pelo controle que assumira na própria carreira. Giancarlo amava a mãe sinceramente, mas desejava algo diferente para si mesmo. Queria uma garota que não pensasse em si mesma o tempo todo e não tivesse um pingo de egoísmo. Uma garota que o colocasse na frente de tudo. Será que esperara que Paige abandonasse a carreira de dançarina sem lhe propor casamento? Que ela iria ter uma vida na Toscana só pensando em agradá-lo e sendo apenas sua amante? Giancarlo lhe dissera que desejava uma companheira, porém nada que fizera sustentava essa afirmação. Em Malibu, vivera com ciúmes do tempo que ela gastava se exercitando e de tudo que fazia longe dele. Agora tinha ciúmes da dedicação de Paige para com Violet. Será que desejava mesmo uma companheira? Ou alguém que o
tratasse como companheiro enquanto ele fazia o queria? Entretanto, ali deitado junto à Paige, não estava interessado em respostas. Só sabia que estava cansado de lutar contra a maré e magoá-la...
Todos nós, seres humanos, precisamos pôr em prática o que pregamos se quisermos alcançar algo na vida, dissera seu pai muito tempo antes quando caminhavam juntos no campo, falando sobre a criação dos vinhedos que o velho não tivera tempo de ver. O problema é que gostamos de pregar, mas não de obedecer. O velho ditado diz: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
Giancarlo soube que precisava parar. Não fazia sentido exigir que ela confiasse nele se ele não confiava nela. Era hora de admitir que Paige fora a única mulher que já amara. Não importava o que fizera aos 20 anos.– Come sei bella – murmurou no escuro. – Como você é linda. – Mi manchi... Sinto saudade. – E, por fim sussurrou. – Amo você.
Ela não o ouviu, mas se remexeu no sono. Ele só precisava repetir isso quando ela acordasse. Mas... iria repetir?


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